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Minha Vida de Pintor / LVI

De todas as mulheres, havidas e inventadas, Cidinha é a melhor e a maior, a que mais amo e amei. Sei e não posso explicar, e assim sei. Geísa, depois de Cidinha, a minha primeira namorada, ainda nos bancos escolares, foi o meu primeiro grande amor. Se é que aquilo fosse amor, pois hoje diria ter sido o primeiro tesão. Física-paixão, o diria. Mas Fernanda foi a primeira mulher verdadeiramente inteira e extraordinária. Teria feito sucesso em qualquer lugar do mundo. Não precisava representar Helena de Tróia para despertar cobiças dos homens. Imaginem se representasse  Blanche du Bois hoje, em Shangai. Os chineses pasmariam. Imaginem: Ofélia, Lady Macbeth, Punk ou mesmo Tiradentes, ou ainda Martírios ou Antígona, ou Garcia Lorca, Shakespeare, ou Cecília Meireles, Oscar Araripe ou Sófocles, Eurípides, Sartre, Pinter e Jean Genet. Tudo, e muito mais que nomes, ela os disse representando, que é a arte do recriar. Na verdade a melhor das artes para o homem mudar. Um colosso. O Teatro e ela. ...Tinha as pernas, o rosto, lindos. Cultivada, de nobreza ilhatercerista, a mãe havia recusado entrar na Academia de Letras -, era muito bem tratada, da cabeça aos pés, muito sabida e voluptuosa. Passava o dia em casa, como os homens e mulheres sábias. O seu Tiradentes, o dela e o nosso, em Ouro Preto, já no primeiro festival (ela mesma fez a arte da capa do convite oficial, uns anjos barrocos em sépia, se não me engano, apoiada pelo Abgard Renault). Foi inesquecível. Augusto Rodrigues foi um dos primeiros a chegar ao teatro, e sentar-se com seu séqüito (Dona Zoé Chagas Freitas, Dona Nise da Silveira, o pintor Abelardo Zaluar, a cantora Clara Nunes, a belíssima desenhista e pintora Renina Katz, e a notável atriz Glauce Rocha... por quem Augustinho estava apaixonado, antes da Clara Nunes, linda aparição...aos poucos vou me lembrando) -  logo depois entrou Domitila do Amaral, chegada de sua inacreditavelmente bela casa de ruínas, do outro lado do Teatro, na Rua Nova, onde outrora morou o primeiro bispo de Mariana, e onde tínhamos sido homenageados horas atrás com um coquetel privè. Pois muito bem.  Nós, ali na coxia, olhávamos tudo de um buraquinho na cortina que algum artista ansioso tinha feito no passado, para fazer exatamente o que estávamos fazendo agora, quase quatrocentos anos depois: olhar o nosso público. ...Que arte viva o teatro! Vi quando o pintor Carlos Scliar chegou acompanhado de seus amigos, entre eles, o pintor recém-falecido, grande criatura humana, Ivan Marchetti, e sua loiríssima mulher Líria. Chegaram também Chiquitão e José Efigênio Pinto Coelho, este último vestido como um embuçado à procura da cabeça perdida de Tiradentes (ou seria de Tristão Araripe?), ou algo parecido, ao lado de suas respectivas mulheres e alguns artistas amigos. Mário de Oliveira impressionista. Nilton Santos das brumas, o notável desenhista Maia, a elegante pintora Nininha e sua amiga Lili, donas do elegante e artístico Pouso do Chico Rei, cheio de artes, ao lado do teatro, onde nos hospedamos. Vejam! É Guignard! Olha alí, a grande poeta americana das Lages, Miss Elizabeth Bishop que agora adentra transtrajada de um jogador de poker do Mississipi, mas, ao mesmo tempo, confiante como um  bispo da Nova Inglaterra. Uma beleza. Jamais esquecerei Bishop, Elizabeth. Pois é, ali estavam Ângelo Osvaldo, futuro Ministro da Cultura e duplamente ou triplamente Prefeito de Ouro Preto (pena ele não ter implantado o bondinho tipo São Francisco, e tirado os carros do Centro Histórico)-, e o meu único amigo realmente fantasma, o Rui Mourão, já à época Diretor do Museu da Inconfidência, onde em 92 expus, pela primeira vez, o meu Tiradentes, o Animoso Alferes. Mas falemos do grande Alberto da Veiga Guignard, magnífico pintor e magnífica pessoa, empatissíssimo, e que ali está, e capaz de fazer o feio bonito. A seu lado, o fotógrafo Márcio do Itacolomy, e o grande advogado Josiler Magno Reis, que anos depois viria a me conseguir um habeas corpus em tempo recorde e me tirar da cadeia que inaugurei ...da Casa do Artista do Brasil. Que estréia! Lembro-me bem: o lindo teatrinho, o primeiro e último da América do Sul, estava repleto e apinhado. Gentes se apertavam na entrada, estacionando na rua, todos querendo ver Maria Fernanda, a grande atriz, ao lado de Othon Bastos, o imortal Corisco do Glauber Rocha, o Tiradentes de Cecília Meireles, adaptado tão imperfeitamente por mim. Eu era muito jovem, digamos 24 anos, e como não era ator e sim mero adaptador e animador cultural, misturei-me à platéia para ver o "meu” espetáculo e a reação daqueles seres novíssimos, as pessoas. Mas já no fim do primeiro ato sentei-me ao lado de, nada menos que a extraordinária performática Olímpia Cota, que aliás devia estar vazio exatamente por isso, pelo receio de suas extravagâncias, talvez, muito certamente. Olímpia era uma velha muito bonita, tinha um a plomb de marqueza, dizia-se ela mesma descendente de Marília de Dirceu, o que devia ser verdade. Num momento de grande emoção da representação, ou mais exatamente quando Tiradentes/Othon Bastos ou Maria Fernanda/Tiradentes conclamavam a Justiça dos céus e da terra contra as misérias humanas, principalmente portuguesas, Dona Olímpia se emocionou em tal exarcebação que seu grande chapéu improvisado, neste dia com longas e variegadas plumas de pavão e galos, esvoaçantes e duras, molestou os senhores de trás, do lado e até da frente, sem contar o seu conceitual bastão de maços de cigarro, que ela de vez em quando batia no chão, fazendo um estrondo enorme, como se anunciasse o início da representação. Mas quem em Ouro Preto ousaria criticar ou censurar Olímpia Cota? Ninguém, de modo que Dona Olímpia é quem dava o tom da bela excentricidade que reunia a linda cidade oitocentesca, nos começos dos anos sessenta.
Igreja de São José de Ouro Preto com Cemitério / 1990
Anos depois, quando vim a morar em Ouro Preto, já pintor, via Fernanda e Cecília em cada esquina, tal a presença eterna da sua representação e escrita poética, e tudo voltava à minha memória. Amada cidade. Minha e de muitos. Mas falemos de Fernanda. Ingênua!? - sem dúvida. Docemente ingênua. Adorava ir jantar tomando uns chopes num bom restaurante ou bar, depois do teatro. Nunca bebia antes -, nunca, em cinco anos, a vi alcoolizada. Não se drogava.Virtuosa, sem dúvida. De um inglês e francês perfeitos. Falava o português à maneira da acentuação portuguesa, sublinhando os particípios passados com grande prazer. Amámos - ela dizia. E dizia (declamava) como ninguém. Quando falava todos paravam para ouvi-la. Não tinha maldade. O Bar Lagoa, por exemplo, era o seu preferido (não gostava do Jangadeiros, na verdade um bar mais fuleiro). Que beleza! Memórias. Fora linda aquela estréia, na verdade uma reestréia das inúmeras estréias de Um Bonde Chamado Desejo. Toda a Ipanema, todo o Rio, os amigos de Minas, de São Paulo, da Bahia, estavam todos lá. O hoje senador da música culta Paulo Alberto Monteiro de Barros, o meu futuro honrado amigo romano o poeta Murilo Mendes, com sua musa Saudade Cortesão (que adorava sair com as nossas mulheres para fazer compras nas lojas de moda da cidade, qualquer cidade em que estivesse. Muito engraçada a Saudade.)-, o grande pintor Ismael Néri, estranhíssimo, de pintura seríssima e muito penetrante. Murilo gostava muito. Seus retratos ficaram e ficarão para sempre -, Robertão, o sobrinho do pintor Aurélio d’ Allincourt, também pintor e professor de pintura (chegou a ensinar ao Chico Anísio) -, o grande escritor Lúcio Cardoso (já um tanto transtornado), com sua irmã, a grande escritora mineira Maria Helena Cardoso -, e o Eduardo Chuay, árabe e brasileiro, muito inteligente e grande defensor da causa árabe e muçulmana, e que em verdade era um grande economista. Um dia, no auge da Ditadura, mesmo clandestino, arrisquei-me a entrar em um quartel do Exército na Tijuca, onde ele estava preso para lhe entregar um litro de leite, pois homem sensível que era, estava sofrendo de úlcera na prisão. Estava lá também o escritor e advogado Paulo de Freitas Mercadante, não na prisão, mas naquela estréia do Bonde, um homem muito bom de coração, inteligente, mineiro de Carangola, hamletiano, acompanhado de sua mulher, Ana Elisa Mercadante, mulher notável, pioneira no exercício da psicanálise -, mas, voltemos ao teatro: podiam se ver centenas de rostos de garotos e garotas da Universidade de Ouro Preto, pessoas ouro-pretanas, como Décio França e sua mulher Dodora, ambos dirigentes históricos da Escola de Samba Inconfidência Mineira (a qual também pertenço), e logo ali o Sr. e Sra. Toledo, renomado antiquário da cidade (na verdade, naquela época todos os artistas, exceto o Toledo, que não era artista, eram antiquários) -, mas vejo, impressionado e vivamente, no meio da platéia, Julian Beck e Judith Malina, do Living Theatre, o que melhor produziu os anos 60 no teatro estadunidense, e que pouco depois iriam ser presos ali mesmo, em Ouro Preto, por porte de maconha, num flagrante montado, um dos atos de ferocidade mais brutais das entranhas embrutecidas de algumas pobres pessoas conservadoras -, mas que, em 1993, quando voltaram a Ouro Preto, agora acompanhada de novo marido, o também ator, Hanon Raznicov, na reinauguração do Festival de Inverno, agora bem mais livre -, e tanto que puderam prazeirosamente dar umas tragadas libertárias no mesmo Ouro Preto que tantos anos antes os prendera. Ai de quem em Ouro Preto não se ver preso! ...Fizeram um espetáculo lindo. Uma espécie de teatro-jornalismo de alto nível, de grande isenção e definição, e beleza. Em um deles, o grupo de atores, soltos como rebelados, pôs-se em marcha em plena rua, saindo do Largo do Rosário em direção à Rua São José, gritando, declamando os textos, textos de Sófocles, imaginem! Provocando as pessoas, que o foram seguindo numa procissão inusitada. Excitadíssimo, o bom poeta Paulo Augusto, autor de Aracnídia Vulva,  quase morreu. Numa outra representação, no Palácio dos Governadores, Judith e Hanon fizeram ainda mais exatamente este teatro-jornalismo, de extraordinária força. Quem viu não o esquecerá. Judith, a mãe universal, tinha em volta à sua frente, todos sentados no chão, em semicírculo, vários jovens artistas -, e entre suas coxas, a grande dama do teatro da contestação tinha um pote de vidro cheio de camarões de canabis solta,  que ela mesma ia destrinchando e fazendo uns cigarrinhos muito finos e pequeninos, um atrás do outro -, e que ela mesma acendia e sem se deter passava para os jovens, que passavam entre si e que nunca chegavam a voltar até ela. Era isto, exatamente, o que ela fazia no teatro. De si tudo emanava, e seus gestos e falas nos encantava -, pura arte, eu dizia, e me encantava. Judith foi a judia mais anti-sionista que o mundo conheceu. Um belíssimo anarquismo, a possuía.
Flores para los vivos / 2000
Espontaneísta.
Mas, falemos de Fernanda. Um dia eu tive a sorte do ator que representava o menino que entregava a carta para Blanche du Bois ter faltado à representação, e me foi proposto (ou propus, quem sabe?) ser o jovem carteiro, que Blanche du Bois, em seu patético desespero solitário, se apaixona e beija. Confesso que me irritava aquele beijo diuturno que o tal ator recebia ou dava toda noite na minha mulher. Também, confesso, depois das pipas e dos balões,  senti uma grande atração pelo teatro e estava vivendo profissionalmente a aventura de ser alguém "por trás do pano”. Queria representar. Nunca tinha representado antes. A natureza me representava. E o teatro era o Cláudio Santoro, o Nacional de Brasília. O papel do jovem carteiro, uma ponta, não durava nem três minutos, por mais que eu me esforçasse. Eu tocava a campanhia, e Blanche, que delirava ante à brutalidade humana, ouvia -  e o público a via por detrás de uma parede falsa sonhando com o encontro, ou seja, nada mais que uns longos cinco passos e entre o entregar a carta à frágil e delicada personagem de Tennessee William e a sedução do menino por ela, que o chamava em delírio "Monsieur Le Chevalier". ...Eu adorava aquilo. Além de representar ainda ganhava um beijo da atriz principal, a minha mulher. Enfim, nunca pensei ser tão bom representar. Só tive um dia de ator em minha já longa vida de escritor e pintor, e para mim, que dirigi e adaptei, critiquei teatro no célebre Correio da Manhã, digo prazerosamente, que nada melhor que ser ator. Como era bom ser ator. No fim do século todos serão atores... Fernanda era atriz feliz, gostava de ser atriz e ser feliz. Trabalhava duro. Que dura profissão a do ator. Até a sua arte se lhe esvai, de tão efêmera...e no entanto, que raça de gente mais de carne pensante! ...Vejo-a toda de negro, subindo as plataformas luminosas do cenário de Helio Eichebauer, e altissonante bradar aos céus a terrível injustiça que a acometia, e à nação grega, na peça de Eurípedes, adaptada por Sartre e dirigida, com uma secura incrível, pelo diretor jornalista Paulo Grisolli, outra grande figura dos anos 60, e que anos depois reencontrei no Jornal do Brasil, pouco tempo antes do seqüestro do embaixador americano Elbrick. Um dia ainda escreverei um artigo intitulado Grisolli X Gabeira. Fernanda, Antígona, indignada, queria enterrar os mortos da Ditadura, que lhe negava o santo direito, em plena Ditadura dos Militares, gregos e brasileiros. Um dia, em Brasília, eu e ela fomos presos pelo próprio Ministro da Justiça (declino-lhe o nome), em pessoa, que nos deu voz de prisão... mas creio que já contei isto. Conto portanto, com muito mais prazer, nossa linda montagem de Verde que te Quero Verde, uma colagem da obra do porinteríssimo poeta espanhol martirizado, Federico Garcia Lorca, dirigido por Amir Haddad, brilhante! Eu sou feito de estrelas derretidas e sangue do infinito...ele, Lorca dizia, dito por ela, Fernanda lorquiana. Lindo. Era para durar uma semana e ficou seis meses em cartaz. Nunca antes no Rio de Janeiro uma peça tão poética durou tanto em cartaz. Isolda Cresta fazia Dolores, uma das mulheres secas da Espanha, que numa discussão sobre a disputa de um homem com sua irmã Martírios, outra sequíssima mulher.. e Fernanda numa fúria de ódio dava um tapa na cara de Isolda.Toda noite havia "a hora do tapa”. A coxia ficava em suspense. Isolda agüentava. Mas, era tal a força do naturalismo verista de Fernanda que um dia Isolda reclamou, pois sua bochecha da esquerda estava vermelha de tanto tapa: "Puxa Fernanda, vê se bate com mais técnica!”-  disse. Coisas do teatro. Um dia a Espanha de Franco quis que a peça não fosse representada, mas acho que também já contei isto. Não falei foi de sua montagem de O Balcão, de Jean Genet, dirigido pelo saudoso Martin Gonçalves...pois é, falo e não falo e digo o que não falei. Rude natureza. Por fim, deixei de falar de muitas coisas. Uma sistemática quântica que se instalou na minha mente procura desde sempre apagar minha memória, e eu tudo esqueço sem esforço. Às vezes a sinapse se acende e me lembro de tudo. Mas, não é bom falar demais. Ademais, nada passa sobre Ouro Preto. E estamos todos lá.
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