Caraíva dos reflexos Caraíva...quando a vi me lembrou Veneza, uma borboleta de asas ou areias brancas pousada em pleno mar do sul da Bahia, Brasil. Era uma sexta-feira e eu logo me lembrei de Robison Crusoé, o índio que sempre quis. Sim. Dormir ali naquelas choupanas, com o Rio Caraíva na cabeça, e os pés no mar era como flutuar os sonhos no meio do mar - e a imaginação vencia o mundo continental, o mundo dos homens de Bush. Mas o que mais me tocava naquela Veneza índia era o reflexo das casas nas águas do Rio, que ali se unia ao mar. Não havia leões de Veneza nem palácios de doges, nem pontes dos suspiros dos homens presos sem reflexos.Nada. Ali nem havia cadeia - só aqueles casebres que haviam vencido o modernismo destruidor. Mas, talvez por mágica, ali refletia Veneza, aquelas luzes, cores, balançando na água, delicadamente. O que mais eu quereria pintar? nesta América sem cumbre. Oscar Araripe Caraíva, anti-cumbre das Américas, novembro de 2005.