"Imagine uma biblioteca fantástica, que de tão real mais parecia sonho, rica em autógrafos do próprio José de Alencar e livros sobre míticas famílias do nosso sertão. Foi aí na biblioteca do avô, Oscar de Alencar Araripe (fundador de uma das primeiras livrarias da ensolarada Fortaleza), que Oscar Araripe cresceu impregnado de cultura cearense e, incrédulo, ainda menino espantou-se com a imagem de uma curiosa e meiga galinha de pedra, descansando na beira de um largo açude em Quixadá".
Fazendo o caminho inverso do avô e de tantos artistas buscando reconhecimento, Oscar saiu do Rio de Janeiro, onde nascera e aprendera com as pipas muito sobre sua pintura, para a barroca Minas Gerais, consagrando-se a pintar o mais rico patrimônio arquitetônico do Brasil, e aquelas belas e verdes montanhas de ouro e prata. Após várias temporadas na Ásia, Europa e Estados Unidos, partiu para as praias da Bahia, e chega finalmente ao Ceará - a terra do avô, da mãe e de tantos outros ilustres antepassados - depois de receber vários prêmios nacionais e internacionais, conhecido e apreciado em todos os lugares por onde passou. Ainda em seu atelier, em Porto Seguro, Araripe dedicou-se a pintar o Ceará sem nunca tê-lo visto de perto, criando com seu traço gracioso e inusitado visões arquetípicas das nossas praias, dunas, serras e sertões, provando que o seu encontro com a nossa terra é, de fato, um reencontro.- A volta que redime a pura vontade de voltar para onde nunca se foi. Então não imagine mais: veja esta bela e inusitada "cearália", e viaje no tempo e no espaço como o próprio artista. E, se puder, tente ver com os mesmos olhos do menino diante da galinha de pedra, deixando-se guiar pela mais enevoada fantasia, ou a mais pura realidade, como se também você estivesse vendo o Ceará pela primeira vez." Cherlânyo Barros de Castro
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